madridd1997

 
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5 años 245 días hace

O CÉREBRO....

O CÉREBRO

A máquina do pensamento,
da alegria e do momento,
que pode sofrer tormento,
ou uma lesão no firmamento!

Esta máquina é um elemento,
de teorias e ensinamentos,
onde o homem a contento,
a habita, é detento...

preso à vida, exatamente,
como um ser eloquente,
o homem que pensa comumente,
é um ser de luz...Divinamente!

LÉ@ MARINHO, 9/9/09

Balanço....

"...Não sei, não saberás, ninguém sabe... Que importa?
E hoje, vamos concluir, ao fazer um balanço,
que bem pouco se tem de tanto que se quis...

Mas... E o "mas" é a experiência que nos bate à porta...
Já nada vale mais que um pouco de descanso
e o consolo afinal de não se ser infeliz..."

J G de Araujo Jorge

Passagem da noite....

Passagem da noite

É noite. Sinto que é noite
não porque a sombra descesse
(bem me importa a face negra)
mas porque dentro de mim,
no fundo de mim, o grito
se calou, fez-se desânimo.
Sinto que nós somos noite,
que palpitamos no escuro
e em noite nos dissolvemos.
Sinto que é noite no vento,
noite nas águas, na pedra.
E que adianta uma lâmpada?
E que adianta uma voz?
É noite no meu amigo.
É noite no submarino.
É noite na roça grande.
É noite, não é morte, é noite
de sono espesso e sem praia.
Não é dor, nem paz, é noite,
é perfeitamente a noite.

Mas salve, olhar de alegria!
E salve dia que surge!
Os corpos saltam do sono,
o mundo se recompõe.
Que gozo na bicicleta!
Existir: seja como for.
A fraterna entrega do pão.
Amar: mesmo nas canções.
De novo andar: as distâncias,
as cores, posse das ruas.
Tudo que à noite perdemos
se nos confia outra vez.
Obrigado, coisas fiéis!
Saber que ainda há florestas,
sinos, palavras; que a terra
prossegue seu giro, e o tempo
não murchou; não nos diluímos.
Chupar o gosto do dia!
Clara manhã, obrigado,
o essencial é viver!

Carlos Drummond de Andrade
In:"A rosa do povo"

Ternura....

Ternura

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar
[ extático da aurora.

Vinicius de Moares
In:"Poesia completa e prosa"


Pra Dizer Adeus....

Pra Dizer Adeus

Adeus
Vou prá não voltar
E onde quer que eu vá
Sei que vou sózinho

Tão sozinho amor
Nem é bom pensar
Que eu não volto mais
Desse meu caminho

Ah! pena eu não saber
Como te contar
Que esse amor foi tanto
E no entanto eu queria dizer

Vem
Eu só sei dizer
Vem
Nem que seja só
Pra dizer adeus

Torquato Neto
In:"Torquatália - Geléia Geral"