Nos manter escravos do calendário, cativos das famosas "datas comemorativas" é uma das maiores estratégias do capitalismo. Neste domingo estaremos comemorando a páscoa e muitos de nós já deve ter comprado ou está pensando no que vai dar a filhos, sobrinhos, netos, a toda criançada neste dia, sobretudo se você é daqueles que não mede sacrifícios para agradar seus rebentos, quer que seus pimpolhos tenham tudo o que você não teve... Muitos de nós procuramos dar tudo o que os filhos querem, mas quantas vezes paramos para refletir se estamos lhes dando o que precisam? Reparamos que o filho de Fulano é cheio de vontades, o filho de Ciclano é muito mimado, o de Beltrano é mal educado, o do outro não tem limites... E nós? Estamos cuidando para não incorrermos nesses mesmos erros? A vida moderna vai nos empurrando para a coisificação das relações familiares, onde damos muito das coisas e pouco de nós. Absorvidos pelos nossos “inadiáveis” afazeres. Inconscientemente (ou não), vamos "empurrando com a barriga" a criação dos filhos: há quanto tempo não paramos para conversar? Quem são os amigos? Com quem andam? Quando foi mesmo que visitamos a escola pela última vez? No dia da matrícula? Acho que não, mas não me lembro ... Sem perceber vamos tornando-nos meros coadjuvantes, mantenedores... Quando acordamos, nos deparamos com os desconhecidos e queridos filhinhos. Não é raro vermos jovens que sempre tiveram tudo o que quiseram, se tornarem pessoas desprovidas de ética, respeito ao próximo, amor, cidadania e cada vez mais necessária politização. Egoístas e egocêntricos, acham que "os fins (sempre) justificam os meios". Não estou aqui sugerindo que não se dê presentes, que se ignore tais datas comemorativas, até porque elas também tem seu lado bom. Mas que estejamos muito atentos, que sejamos mais conscientes, consequentes e sensatos. Refletindo bem, antes de fazer o "possível e o impossível", "colocar o chapéu onde a mão não alcança", gastar o que não se tem... ... Assustei-me quando vi no face book o comparativo do mesmo tipo de chocolate, em formato de ovo de páscoa e em formato de barra, mesma marca e peso, única diferença era o formato e claro, o preço: O em forma de ovo custando 5 vezes mais que o de formato de barra. Isso não me fez pensar em economia, me fez aprofundar muito mais na análise do que seria o capitalismo, a convivência familiar, chegando a avaliar até mesmo os conceitos que temos de toda a parafernália que nos é apresentada como forma de autossustentar-se. Se em tudo que formos analisar, pudermos levar em conta o ser humano, acho que este sim, é o grande valor, o verdadeiro presente de páscoa, ou de qualquer outra data, que deveria ser embrulhado em papel brilhante, com fita cintilante, e doado àqueles que verdadeiramente amamos. E você, o que pensa?
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