Como exemplo, para começar, vou desenhar um alvo sobre "comer". Mas comer é muito amplo. A questão é: o que você quer comer? O meio do alvo deve indicar exatamente o que você quer, baseando-se no seu real desejo, é claro! Se você quiser comer um brigadeiro, é o brigadeiro que está no centro do alvo. Nas camadas externas, estariam alimentos similares ou sensações que lhe tiram do foco. Observe o desenho abaixo!
Neste caso, seu desejo é comer um brigadeiro. Uma vez identificado esse desejo, você deveria focar somente no centro do alvo e ir em busca de sua realização. Entretanto, se você se considerar muito "ruim de tiro", talvez se convença de que tudo bem se acertar as camadas externas do alvo. Assim, vai se render a algum outro doce, ou a qualquer comida, ou ainda vai ingerir qualquer coisa, mesmo que nem goste ou mesmo sabendo que vai lhe fazer mal, só para aplacar sua ansiedade ou sua carência.
O que quero dizer é que tem muita gente agindo exatamente assim quando se trata da área afetiva, dos relacionamentos amorosos. Ou seja, embora saibam exatamente o que querem, terminam aceitando menos só para aplacar sua carência, sua sensação de fracasso ou solidão.
Dia desses, conversando sobre a frustração que uma pessoa vinha sentindo por não estar vivendo o que realmente deseja, ela me contou:
- ... quero me casar e ter filhos. Sinto que o tempo está passando, que daqui a pouco não vai mais dar tempo de engravidar e, por mais que eu tente, não consigo encontrar alguém que também queira se casar e ter filhos.
Pedi para que ela me contasse sobre os três últimos relacionamentos que teve, do mais antigo para o mais recente. O primeiro tinha sido um casamento que terminou depois de 9 anos. Eles não tinham tido filhos porque estavam esperando o "momento certo", quando estivessem mais estáveis financeira e profissionalmente. O segundo tinha sido logo depois dessa separação e ela ainda estava ressentida, magoada e com medo de se entregar. Assim, a relação terminou alguns meses depois. E o terceiro, mais recente, era com alguém que já tinha filhos e deixou bem claro que não queria mais passar por essa experiência.
O fato é que ela insiste em tentar manter essa relação, tentando se convencer de que pode fazer o outro mudar de ideia. E assim, já se foram meses e meses. Entre términos e recomeços, os dois continuam sustentando o mesmo desejo: um quer casar e ter filhos e o outro, não. Perguntei porque ela insiste e ela respondeu que é porque gosta desta pessoa. Tentei concluir:
- Então, você está disposta a abrir mão de casamento e filhos para ficar com quem gosta? Seu principal desejo mudou diante do seu sentimento por esta pessoa, é isso?
- Nããão! Continuo querendo casar e ter filhos! Ela respondeu.
- Bem, então você está se colocando no meio de um grave conflito de desejos. Porque quer algo que a pessoa que você gosta não quer. E você precisa fazer uma escolha, senão vai armar uma baita armadilha para si mesma e se arrepender amargamente daqui uns anos. As suas opções são:
você continua com essa pessoa porque gosta dela e abre mão do desejo de se casar e ter filhos.
você arrisca na tentativa de convencer a pessoa a mudar de ideia, sabendo que isso pode dar certo, mas é mais provável que desgaste a relação e você perca um tempo que não quer perder.
você termina essa relação e só se dispõe a se envolver com quem queira se casar e ter filhos.
Sei que a vida não parece assim, tão matemática. Porém, é fato que quando ela começou essa relação, ainda não gostava desta pessoa e, por outro lado, logo soube que os desejos dela não estavam em sintonia com os seus. Ou seja, atirou e acertou longe do alvo, mas mesmo assim continuou, só para aplacar sua ansiedade e sua carência. Isso não funciona!
Enquanto você não assumir o que quer e agir de modo a focar no seu alvo, ajustando seu corpo e toda sua postura para atingir exatamente o que quer, vai continuar desperdiçando suas flechas atirando para todos os lados. E isso só vai aumentar sua frustração e sua sensação de que não consegue conquistar o que realmente deseja.
Pense, sinta e aja numa só direção e pare de se convencer de que qualquer coisa serve! Não serve! E faça concessões apenas quando estiver pronta para reajustar seus desejos. A vida é feita de escolhas. E se você não escolher, será escolhido... e de nada vai adiantar reclamar!