S@pphire

 
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1 año 152 días hace

¨¨ Que Deus ouça também...


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Que Deus ouça também as preces que lhe dirijo quando me parece que eu não acredito em mais nada. Quando sou incapaz de ver qualquer coisa além do foco onde coloco a minha dor. Quando não consigo articular meus pensamentos nem entrar em contato com alguma doçura que me faça lembrar das coisas que realmente nos movem. Quando não lhe dirijo nenhuma prece. Nem com palavras. Nem com um sorriso enternecido quando dou de cara com uma flor. Com um pôr-de-sol. Com uma criança. Com uma lua cheia. Com o cheiro do mar. Com o riso bom de um amigo. Que ele me ouça com o seu ouvido amoroso e me acolha no seu coração, porque é exatamente nesses momentos que eu não consigo ouvi-lo em mim..

♡♡♡

Desconheço Autor


¨¨ Desapego...


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O desapego não significa
que você não deva possuir nada.
Mas sim, que nada deve possuir você!

Ali Ibn abi Talib

¨¨ A mamãe é meu remédio...

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Ontem cheguei em casa e você esperava por mim; a vovó me contou que você disse "A mamãe é meu remédio" e nos abraçamos em silêncio até a febre passar. Por trás de seus olhinhos abatidos senti a sinceridade de suas palavras, e o calor de suas mãos presenteou meu pescoço. Se o céu existe, ele cabia no conforto daquele abraço. Essa sensação dormiu comigo  e você lutando contra uma virose. Desde que me descobri mãe todos os papéis ficaram em segundo plano, mas como não me sentir recompensada depois de ouvir uma frase dessas? Sei que vou guardá-la por muito tempo, talvez por toda a vida, e me agarrar à sua poesia quando você crescer e for um homem feito, cheio de preocupações e responsabilidades.
Porque você ainda é um menino de seis anos e eu ainda posso ser o seu remédio, mas a vida vai lhe mostrar que não sou perfeita, que tenho falhas, desvios e manias, que não possuo varinha de condão nem respostas pra tudo, que a dipirona tem propriedades maiores que minha presença, que não sou digna de ser seu espelho porque meus erros serão fatalmente identificados por você no futuro para que não os repita com seus próprios filhos.
Mas não tem importância, hoje trato de aproveitar cada segundo ao seu lado, gravando na pele a sensação de seu corpo arredondado, sua risada farta e barulhenta, o toque de suas mãozinhas no meu cabelo_ que você insiste em arrumar num rabo de cavalo lateral_ ,seu cheiro principalmente quando corre e fica com o cabelinho suado, sua respiração profunda quando adormece. Essas são minhas relíquias, tesouros escondidos numa porção extensa do coração, consolo para os dias ruins e saudades futuras...

Do texto "A mamãe é meu remédio", blog A Soma de todos os Afetos, por Fabíola Simões.

¨¨ Não se perca, viu?”


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”O que tem de ser, tem muita força. Ninguém precisa se assustar com a distância, os afastamentos que acontecem. Tudo volta! E voltam mais bonitas, mais maduras, voltam quando tem de voltar, voltam quando é pra ser. Acontece que entre o ainda-não-é-hora e nossa-hora-chegou, muita gente se perde. Não se perca, viu?”

CAIO F. ABREU


¨¨ Não se afobe não, que nada é pra já...


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Não sei quanto a você, mas eu sinto que nasci na era das câmeras digitais. E até esqueço o tempo em que a gente comprava o filme e levava junto uma caixinha pequena contendo o flash. Que era pré histórica aquela...
E como era chique entrar numa loja e pedir um filme trinta e seis poses_ já que o mais em conta era adquirir um filminho de 12 ou vá lá, até 24 poses_ um luxo só!
Então a gente esperava acabar tudo _ com parcimônia, sem desperdício_ e ia revelar. Nossa, que expectativa pra então perceber que ficou um arraso; que pele, que olhar... ou então que faltou luz; que podia ter fechado a perna; que o fundo estava ruim; que no dente havia um feijãozinho preto.
Mas então o mundo mudou, tudo foi ficando mais rápido, fácil, dinâmico, moderno, fugaz. E no lugar daquela câmera com rolo 24 poses e flash acoplado, temos celulares que fotografam e imediatamente postam fotos cheias de filtros e efeitos nas redes sociais. Tudo muito luxuoso, prático e indolor. E não percebemos o quanto mudamos também. Porque esquecemos o tempo em que tínhamos que esperar as 36 poses serem gastas _ com dignidade e comedimento_ para depois saber se saímos bem ou não na foto. Esquecemos como tudo era mais lento, simples, arcaico e até romântico...
Então é de se esperar que a gente acredite que a vida tenha adquirido esse molejo também. E passamos a exigir da vida _ coitada!_ o swing das câmeras digitais. E começamos a cobrar do amor_ esse culpado!_ a eficácia dos flashes embutidos. E ficamos indignados com a vida e emburrados com o amor quando eles não têm essa rapidez, categoria, design e evolução. Como se tudo fosse descartável, substituível, soft e clean. Esquecemos que os tempos mudaram, mas aqui dentro continuamos precários. Muito precários.
Por dentro ainda somos vitrolas empoeiradas que precisam de corda pra agulha funcionar e tirar algum som do vinil. Somos tão precários que buscamos nos outros aquilo que falta em nós. E falta tanta coisa... E exigimos tanto.... E temos tanta pressa... Queremos ser curados de nossas incompletudes. Curados de nossas precariedades. E quanto mais precários, mais exigentes. Coisa estranha essa, não? Nada nos completa porque nem nós mesmos nos bastamos...
Daí vem o Chico e canta lindamente: "Não se afobe não, que nada é pra já... O amor não tem pressa, ele pode esperar..."
E a gente entende que é isso mesmo.
Que é preciso paciência e até mesmo um certo trabalho
De entrega e responsabilidade
Confiança e nenhuma contabilidade.
Requer tempo.
Pra construir diariamente. Com moderação e habilidade.
Perdão e maturidade.
Pés no chão e força de vontade.
E Luis Fernando Veríssimo completa: "Para se roubar um coração, é preciso que seja com muita habilidade, tem que ser vagarosamente, disfarçadamente, não se chega com ímpeto, não se alcança o coração de alguém com pressa." 
Deixar-se conquistar leva tempo também. Requer confiança e descontrole_ entrega, se você preferir. Exige desprendimento e nenhuma contabilidade. Pois se você vive contabilizando, comparando, enchendo de regras aquilo que nem chegou a ser uma relação, melhor desistir. Amor leva tempo e pouco entendimento pra ser construído.
Vivemos afobados, carentes de respostas, como se tudo na vida fosse assim, feito máquina digital. Esquecemos que lá no fundo, precisamos de corda tanto quanto nossas avós. Só que na época delas não tinha essa de "não gostei, vou deletar"... Era normal entender que o sentimento vinha aos poucos, pequeno, humilde; que devagar se transformava, modelando, revelando. 
É claro que havia muita surpresa indesejada _ como a foto antiga, revelada uma semana depois_ em que a gente percebia que podia ter ficado de boca fechada e perna cruzada.
Mas havia muita coisa boa também_ que só aparecia depois de provada muita mesa e vivido algum chão. Aquilo que acontecia devagar, em etapas, como retrato em sépia que surge lentamente na revelação fotográfica e resiste às distrações da memória e artimanhas do tempo...
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Texto "Não se afobe não, que nada é pra já...", blog A Soma de todos os Afetos, por Fabíola Simões.