S@pphire

 
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1 año 155 días hace

era uma vez....

"Era uma vez um homem que corria e corria pela vida... A vida era curta e necessitava de correr muito para gozar muito e ser feliz. E quanto mais corria, mais necessitava de correr! Descobria sempre mais lugares para visitar! Necessitava encontrar tudo e gozar de tudo.Até que um dia, cansado de tanto correr, parou. Então, a felicidade pôde alcançá-lo."


Uma mulher de verdade

Uma mulher de verdade não precisa de asas,
nem combustível.

Para chegar onde quer, ela sobe alto,
caminha longe.

Vai ao lugar mais impossível

Não vai amanhã, ela vai hoje.
Uma mulher de verdade
não precisa de roupas belas

Não usa máscaras para fingir o que não é
e agradar
Ela encanta pela sua essência,
sorriso e olhar.

Ela chama atenção porque ela é dela!
Uma mulher de verdade
se junta para compartilhar.

Não se anula, não sufoca,
não duvida.
Ela sabe amar, doar.
Sabe viver a sua vida.
Uma mulher de verdade se conhece
e se permite
Ela ousa, arrisca, ama e se apaixona sem limite
Fala de amor com seu amado
Mostra seus desejos ao eleito de seu lado.
Uma mulher de verdade é uma mulher comum
Ela confia na sua intuição e a segue.
É uma sacerdotisa da lua e celebra as pequenas coisas de uma forma incomum.
Ela cozinha, fala com os animais e molha suas plantas.
Põe a mão de seu amado entre as suas

E mostra a ele suas curvas e ancas

Mostra seu inferno, o paraíso e todas suas ruas.
Uma mulher de verdade se refaz todo dia.
Embora se refugie dentro de sua boca comprimidos,
o silêncio, seco, sexo, saliva e sofrimento de Maria
Ela renasce Deusa num mundo de reprimidos...
todo dia!

Carolina Salcides


Ás vezes.....


Às vezes, um punhado de horas por dia, me bate no peito
a voz da desistência, que me ameaça com a cara mais pálida

que há no mundo,
me dizendo coisas absurdas, mas que me são tão mais fáceis e acessíveis.
- Desista - ela diz.
Às vezes eu retruco, brigo com ela.
Outras tantas, sou eu quem chora baixinho.
Nó no peito, sorriso apertado,
o tempo passando feito um monte de areia escorrendo na palma da mão e,
você estancado, em cima do muro,
com medo de dar o passo.
Aí se olha pra trás
e vê o quanto a caminhada foi longa e as dores maiores ainda.
A voz da desilusão insiste em atravancar o caminho.
Estende um copo de dúvidas nas nossa frente.
Mas como nesse terreno da vida o que vale é o que a gente planta nele,
do nada, surge uma penca de girassóis e aponta um céu.
Um céu de escolhas felizes e tão mais claras.
Esses girassóis costumam chegar quando você menos espera.
Mas você sabe o momento em que eles chegam pelo cheiro de carinho no ar. Cheiro de abraço de amigo, colo de mãe.
Cheiro de bolo saindo do forno e passeio de domingo no parque.
É nessas horas que você percebe que Deus não desiste nunca.
E que ele sempre prepara surpresas risonhas pros nossos caminhos.
Mas pra você recebê-las terá de ter um coração aberto e tranquilo.
Por isso, quando chegar a hora de dormir,
não esqueça de acender a vela da fé,
aquela que mora no coração e que acende a alma.
A única vela que nos mostra o rumo.
Pe fábio de Melo


Simplesmente eu....

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Sou estrela solitária
Entre tantas estrelas
Sou o brilho de uma delas,
Que não ofusca, nem se apaga...
Sou raio de sol esquecido,
Outrora fogo,
Hoje um brilho esmaecido.
Sou efêmera,
Sou sensível,
Sou fraca,
Sou falível,
Sou eterna
Nas minhas dores...
Sou um tanto de romantismo,
A poesia que restou,
Sou um tanto de melodia
Que doeu no peito
E a rima que não se achou.
Mas!...Assim sou eu!
Sou a onda que se quebra,
Mas volta com insistência,
Num recomeçar incessante!
Sou a espuma branca na areia
Que se desmancha num instante,
Num eterno beijo ofegante,
Sou um coração por inteiro,
Que não se cansa,
Que crê no amor verdadeiro!
Sou aquela que luta,
Que ama e que quer!
Sou quem nunca desiste,
Sou simplesmente
Uma mulher!...


Leticia Thompson


Saudades...

Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida.
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,
quando escuto uma voz, quando me lembro do passado,
eu sinto saudades...

Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,
de pessoas com quem não mais falei ou cruzei...

Sinto saudades da minha infância,
do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro,
do penúltimo e daqueles que ainda vou ter, se Deus quiser...

Sinto saudades do presente,
que não aproveitei de todo,
lembrando do passado
e apostando no futuro...

Sinto saudades do futuro,
que se idealizado,
provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser...

Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei!
De quem disse que viria
e nem apareceu;
de quem apareceu correndo,
sem me conhecer direito,
de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.

Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito!

Daqueles que não tiveram
como me dizer adeus;
de gente que passou na calçada contrária da minha vida
e que só enxerguei de vislumbre!

Sinto saudades de coisas que tive
e de outras que não tive
mas quis muito ter!

Sinto saudades de coisas
que nem sei se existiram.

Sinto saudades de coisas sérias,
de coisas hilariantes,
de casos, de experiências...

Sinto saudades do cachorrinho que eu tive um dia
e que me amava fielmente, como só os cães são capazes de fazer!

Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar!

Sinto saudades dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar.

Sinto saudades das coisas que vivi
e das que deixei passar,
sem curtir na totalidade.

Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que...
não sei onde...
para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi...

Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo saudades
Em japonês, em russo,
em italiano, em inglês...
mas que minha saudade,
por eu ter nascido no Brasil,
só fala português, embora, lá no fundo, possa ser poliglota.

Aliás, dizem que costuma-se usar sempre a língua pátria,
espontaneamente quando
estamos desesperados...
para contar dinheiro... fazer amor...
declarar sentimentos fortes...
seja lá em que lugar do mundo estejamos.

Eu acredito que um simples
"I miss you"
ou seja lá
como possamos traduzir saudade em outra língua,
nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha.

Talvez não exprima corretamente
a imensa falta
que sentimos de coisas
ou pessoas queridas.

E é por isso que eu tenho mais saudades...
Porque encontrei uma palavra
para usar todas as vezes
em que sinto este aperto no peito,
meio nostálgico, meio gostoso,
mas que funciona melhor
do que um sinal vital
quando se quer falar de vida
e de sentimentos.

Ela é a prova inequívoca
de que somos sensíveis!
De que amamos muito
o que tivemos
e lamentamos as coisas boas
que perdemos ao longo da nossa existência...

Clarice Lispector