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1 año 150 días hace

¨¨ Por que existe o dia seguinte?



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Você chorou quase a noite inteira, imaginou que não haveria saída e se sentiu tão desamparado e incrivelmente só que nem se atreveu a torcer pelo telefonema que tanto desejava, mas que, surpreendentemente, chegou ainda pela manhã, acalmando toda aquela aflição. É pra isso que existe o dia seguinte.

Você se envolveu num amor que nem era amor, apenas entusiasmo, uma necessidade de superar dores passadas. Então, de uma forma madura, resolveu que era hora de deixar as coisas bem claras, mesmo provocando algum sofrimento. Sempre é melhor a verdade do que a farsa. Acordou sozinho, porém íntegro e pronto para histórias que não sejam forjadas. É pra isso que existe o dia seguinte.

Você não sabia como pagar, não sabia como argumentar, não sabia como sair daquela sinuca, e dormiu com todos os demônios rogando pragas nos seus ouvidos, até que acordou calmo como um Buda e encontrou um jeito de resolver. Talvez a solução tenha sido assoprada durante o sono, não se sabe, mas não importa qual foi a força oculta que ajudou a desanuviar o problema, o que importa é que funcionou e confirmou que é pra isso que existe o dia seguinte.

Foi a noite mais fantástica da sua vida? Valeu a pena se preparar por sete meses para viver aquele encantamento de poucas horas? Saiu tudo como o esperado? Mais espetacular impossível? Também é pra isso que existe o dia seguinte: congratular-se.

Você não devia, mas enviou aquele e-mail com palavras rudes, acusações exageradas, uma histrionice que nem combina com você, mas que saiu assim, teatral e colocando tudo a perder – e estaria tudo perdido mesmo, não houvesse o dia seguinte e a oportunidade de pedir desculpas.

Você se iludiu, como todos sempre se iludem. Acreditou em meia-dúzia de palavras sedutoras e construiu uma fantasia. Bem-vindo ao clube. Preferiria continuar fantasiando? Pra isso existe o dia seguinte: reconduzir você à realidade, que nem sempre é animadora, mas ao menos é honesta.

Foi o dia mais tedioso da sua vida, mais sem nexo, perdido em sonolência e paralisia, 24 horas inúteis, uma postergação de tudo, porém serviu para alertar que este abatimento não representa você, e o dia seguinte, mesmo não sendo tão diferente, ao menos lhe devolveu o ânimo para ler um livro, sempre há uma maneira de se salvar do nada absoluto.

E se todos os dias seguintes têm sido repetecos dos dias anteriores, se você está cansado de aguardar que o dia seguinte traga alguma novidade que lhe tire o chão e abra um novo céu, se você já se convenceu que o dia seguinte é uma esperança que nunca se concretiza e que só serve para enganar os trouxas, ainda assim, prepare-se: um desses dias seguintes iguais a todos não terminará como você espera.


 Martha Medeiros  


¨¨ As mãos de minha mãe

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O tempo insiste em ser verdadeiro no dorso das mãos. O rosto despista, atenua os anos corridos com corretivos simples e semblante suave, mas as pregas das mãos denunciam o tempo dos ganhos e das perdas, dos dias vividos e irremediavelmente vencidos.

O tecido que recobre suas mãos conta os anos de magistério com o giz em punho, a sensação de sentir-se segura no entrelaçamento de dedos com meu pai, o tempo de gerar e criar, o sol diário na despreocupação com o protetor solar, o carinho ao cair da noite, a firmeza ao volante, os gestos exagerados durante as costumeiras piadas, os movimentos contidos na desavença, o calor na menopausa, o frio na tristeza, o suor na espera, a suavidade resignada na prece e recomeço.

Sabe mãe, carrego alguma nostalgia da época em que suas mãos eram lisas e uniformes. Mas é no hoje, porém, que aprendi a respeitar o significado do desenho das veias que saltam através do tecido fino, e das manchas salpicadas como gotas de tinta decorando a fina estampa de sua superfície. Trazem mais história que ambição, exemplo de uma vida de coragem e superação.

Observo seu rosto mas a sinto em suas mãos. Sei que carregam o tempo e a vivência, o que deixou pra trás e o que tem guardado dentro de si. E admiro os sulcos que traduzem o amadurecimento e o olhar reciclado perante a vida; a sabedoria de entender-se completa, ainda que lhe faltem pedaços.


Talvez os sulcos sejam mais que deficiências cutâneas provocadas pelos raios de sol. Talvez sejam faltas que lhe acompanham e hoje fazem parte daquilo que se tornou.

É por isso que admiro tanto suas mãos, mãe. Porque me mostram que você não é de ferro. Você é de verdade, assim como eu e meus irmãos. E descobri-la mais humana tem me ajudado a entender a vida também. Porque assim é mais fácil compreender que todos nós _ até você_ carregamos dúvidas, incertezas, desilusões. Mas tudo isso é superável também. Apesar dos cabelos brancos e das pintinhas coloridas, estamos diariamente tentando resistir. E você é dura na queda, mãe. Você é porreta. De uma fé e certeza tão grandes que a gente duvida se é feita do mesmo tecido. Mas então eu tenho as suas mãos. E elas dizem que sim, que você também enfrenta desafios, você também sente na carne cada uma de suas dores. A diferença é que aprendeu a lidar bem com elas, e não está nem aí se lhe causaram algum dano _ visível ou invisível. Você só quer saber do que virá depois.

Agora recordo uma história que aconteceu há aproximados dois anos. Fomos visitar minha amiga que tinha perdido a mãe no dia anterior. Eu perdi o apetite porque sentia a perda da mãe dela dentro de mim, como se fosse você que não estivesse mais ali. Mas você estava. E ao ser confrontada pela sobrinha da minha amiga, que não entendia o porquê do sofrimento e morte da avó, disse-lhe mais ou menos isso: “Você ainda não entende porque tem muito chão pela frente. Quando tiver a minha idade, vai aprender e conseguir aceitar também”. Acho que naquele momento, as mãos da menina começavam a rachar também, só que de um jeito imperceptível. Mas você soube apaziguar um pouco a dor. Do alto de seus sessenta e poucos, soube colocar aquelas mãos tão jovens entre as suas e doar uma ponta de serenidade…

Minhas mãos começam a mudar também. Estão mais finas, e o esverdeado das veias faz contraste com o caramelo de minha pele. Meu filho chama atenção para elas. Diz que estão mais magras e entendo que o colágeno vai indo embora enquanto se aproximam outras noções acerca do meu tempo e espaço.
Aos poucos sigo seu caminho e desejo assemelhar-me a você. Nos gestos, nas andanças, na vontade de responder ao mundo como você tem respondido.
Mostrando ao Bernardo que, ainda que não haja remédio para a perda de gordura e saliência dos tendões, há delicadeza e poesia no tempo que chega de mansinho, de um jeito ou de outro, irremediavelmente.

Obrigada mãe, por não tentar esconder o traçado de suas mãos. Por não querer disfarçar os sinais de um tempo que se desenrolou cheio de promessas e desfechos nem sempre fiéis ao que se esperava deles. Por me mostrar que a vida nos aproximou como meninas crescidas, e hoje posso me preocupar com você tanto quanto você se preocupa comigo.
Obrigada por me ensinar a não censurar o que o tempo traz sem o nosso consentimento, perdoando as marcas que não podemos controlar, reagindo com alegria aos dias que nem sempre são só bons.
Acima de tudo, por me dar a mão e mostrar que nossos sinais são resquícios de uma vida que se viveu _ intensa e plenamente.
Amo você.



¨¨ Mãe, eu preciso ir..


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Mãe, eu preciso ir..
Mãe
Talvez você demore a compreender, talvez você chore incontáveis noites por ver o ninho vazio, talvez você me ligue com aquela voz embargada, sofrida, de quem está guardando um mundo de saudade em um nó na garganta, mas mãe, eu tenho que ir.
Tenho que aprender a separar a roupa por cores na hora de lavar, tenho que descobrir que a louça continua na pia no dia seguinte, que cheiro de banheiro limpo é bom, principalmente quando fui eu que limpei.
Tenho que aprender a cozinhar mais coisas além de macarrão com salsicha, conto com a internet para me ajudar com isso. Tenho que aprender que o meu salário precisa durar 30 dias e que balada e cerveja não são lá as necessidades mais básicas.
Tenho que me sentir só, tenho que falar para as outras pessoas “minha mãe sempre diz que..” e sentir orgulho dos inúmeros conselhos que você me deu na vida e nem sempre eu dei muito valor. Tenho que identificar as amizades ruins, coisa que você fazia por mim antes, tenho que ser forte e segurar aquele palavrão que o meu chefe merecia mas você me ensinou que um profissional sério não sai de si tão facilmente.
Tenho que criar meus próprios ritos de sábado à tarde, que antes eram fazer bolo e dançar loucamente na cozinha com você. Tenho que tirar o pijama aos domingos, fazer almoço, fazer o jantar e não simplesmente ler um livro enquanto espero que você faça tudo por mim.
Tenho que assistir aquele filme incrível sem companhia e não ter ninguém pra chorar timidamente comigo, tenho que sentir falta do abraço que era a fortaleza que eu precisava em um dia ruim e da sinceridade que me ensinava a ser um ser humano melhor todos os dias.
Mas não pense que é fácil para mim, vai doer todos os dias da minha vida, não voltar para casa e ver seu sorriso tranquilo, poder contar cada detalhe do dia e não sentir um mínimo sinal de tédio no seu rosto.
Vou sentir saudade mesmo quando eu tiver dois filhos, mesmo quando eu tiver oitenta anos, mesmo quando eu tiver escrito o melhor livro da história.
Preciso ir mãe mas te levo sempre comigo.

_____Samanta Selzler


10 pequenas histórias de amor

Aqui está uma seleção de 10 pequenas histórias de amor recentemente apresentadas no site Makes me think .

São histórias que não só fazem pensar, mas que aquecem nossos corações e nos fazem sorrir.

Esperamos que elas façam o mesmo por você.

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1. Hoje, o meu avô de 75 anos que está cego por causa da catarata há quase 15 anos me disse: “Sua avó é a coisa mais linda do mundo, não é?” Eu parei por um segundo e disse: “Sim, ela é.” “Querido “, meu avô disse:” Eu ainda vejo a beleza dela todos os dias. Na verdade, eu vejo mais agora do que costumava fazer quando éramos jovens.” MMT


2. Hoje, eu caminhei com a minha filha até o altar. Dez anos atrás, eu puxei um menino de 14 anos para fora do carro de sua mãe que pegou fogo depois de um acidente grave. Os médicos inicialmente disseram que ele nunca mais voltaria a andar. Minha filha foi comigo várias vezes para visitá-lo no hospital. Então ela começou a ir por conta própria. Hoje, eu o vejo desafiar as probabilidades e sorrir muito. Ele caminhou com seus próprios pés para o altar onde colocou um anel no dedo da minha filha. MMT

3. Hoje, quando cheguei na porta do meu escritório (eu sou um florista) às 7:00 da manhã, encontrei um soldado do exército uniformizado esperando a loja abrir.  Ele estava a caminho do aeroporto para ir para o Afeganistão por um ano. Ele disse: “Eu costumo levar para casa um buquê de flores para minha esposa toda sexta-feira e eu não quero decepcioná-la enquanto estiver fora.” Ele, então, fez uma encomenda de 52 sextas-feiras à tarde para que entregássemos as flores de sua esposa até que ele voltasse. Eu lhe dei um desconto de 50%, porque eu realmente ganhei o dia ao ver algo tão doce. MMT

4. Hoje em dia, eu contei  ao meu neto de 18 anos que ninguém me convidou  para o baile quando eu estava no colégio e por isso eu não fui. Ele apareceu na minha casa esta noite vestido em um smoking e me convidou para ser seu par na formatura. MMT

5. Hoje, quando ela acordou de um coma 11 meses, ela me beijou e disse: “Obrigado por estar aqui por todo esse tempo, por me contar tantas belas histórias, por nunca desistir de mim … E sim, eu aceito me casar com você.” MMT

6. Hoje, eu estava sentado em um banco do parque comendo um sanduíche na hora do almoço quando um casal de idosos estacionou o seu carro sob uma árvore de carvalho nas proximidades. Eles abaixaram as janelas e eu pude ouvir o jazz que vinha do rádio. Em seguida, o homem saiu do carro, deu a volta para o lado do passageiro, abriu a porta para a mulher, pegou sua mão e ajudou-a a sair de seu assento, guiou-a cerca de dez metros de distância do carro, e eles dançaram pela próxima meia hora sob o carvalho. MMT

7. Hoje, eu operei uma menininha. Ela precisava de sangue O-. Nós não tínhamos nenhum, mas seu irmão gêmeo também era O- . Então eu o chame e expliquei que era uma questão de vida ou morte. Ele ficou em silêncio por um momento, e então disse adeus a seus pais. Eu não pensei mais nisso até que, depois que nós retiramos seu sangue, e ele perguntou: “Então, quando eu vou morrer?” Ele pensou que estava a dar sua vida pela dela. Felizmente, os dois vão ficar bem. MMT

8. Hoje, meu pai é o melhor pai que eu poderia pedir. Ele é um marido amoroso com minha mãe (sempre a fazendo rir), ele tem ido a cada um dos meus jogos de futebol desde que eu tinha 5 anos (tenho 17 agora), e ele nos fornece uma ótima base familiar. Esta manhã, quando eu estava procurando em sua caixa de ferramentas por um alicate, eu encontrei um papel sujo dobrado na parte inferior. Era um recorte de jornal velho com a letra de meu pai datada exatamente um mês antes do dia em que nasci. Nele estava escrito: “Eu tenho 18 anos de idade, sou um alcoólatra que está falhando fora da faculdade e uma vítima de abuso infantil com um registo criminal de roubo de carros. No próximo mês, o título de “pai adolescente” será adicionado à minha lista. Mas eu juro que vou fazer as coisas direito para minha menina. Eu serei o pai que eu nunca tive. “E eu não sei como ele fez isso, mas ele fez isso. MMT

9. Hoje, meu filho de 8 anos de idade, me abraçou e disse: “Você é a melhor mãe no mundo inteiro!” Eu sorri e sarcasticamente respondi: “Como você sabe disso? Você não conhece cada mãe que existe no mundo inteiro. “Meu filho me apertou com mais força e disse:” Sim, eu sei. Você é o meu mundo. “MMT

10. Hoje, eu tenho um paciente idoso que está sofrendo de um caso grave da doença de Alzheimer. Ele raramente consegue se lembrar de seu próprio nome, e muitas vezes se esquece de onde ele está ou do que ele disse apenas alguns minutos antes. Mas, como um  milagre (talvez o milagre do amor), ele se lembra de quem é a esposa a cada manhã e, quando ela aparece para passar algumas horas com ele, ele normalmente a cumprimenta , dizendo: “Olá minha linda, Kate!” MMT

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Via: Marc and Angel Hack life





¨¨ Você ocupa um dos lugares mais bonitos...

Daqui a 50 anos eu ainda vou saber seu nome e vou me lembrar de todas as vezes que você me fez sorrir. Na minha memória, tão congestionada - e no meu coração - tão cheio de marcas e poços - você ocupa um dos lugares mais bonitos.  Caio F. Abreu

Daqui a 50 anos eu ainda vou saber seu nome e vou me lembrar de todas as vezes que você me fez sorrir. Na minha memória, tão congestionada - e no meu coração - tão cheio de marcas e poços - você ocupa um dos lugares mais bonitos.



Caio F. Abreu