Se quiseres me encontrar
Vá até a beira do mar
Ali fiz minha morada...
Esperando meu amado
Com olhos perdidos no infinito
Todos os dias, noite à dentro.
Esperando sozinha,
Cabelos ao vento,
Meus pés fincados na areia molhada,
Que desliza aos poucos
No silêncio que atormenta,
O de fora... O de dentro,
Diante do mar cinzento
Que se lança agitado
Sobre as pedras lisas de limo,
Que resistem bravamente
À força das ondas e seu ruído!
Ao longe vejo o farol
Que pouco iluminava,
Não rompendo a negra cortina,
Que adentrava ao mar
Deixando de mostrar o caminho,
Ao barqueiro que lutava com as ondas
Ignorando assim meu pedido
Para deixar meu amor passar
E que ainda se encontrava
Perdido no imenso mar.
Mar impiedoso! Avarento!
Até as pegadas
Do meu amor na partida apagou.
As pegadas dele na areia
Única coisa que me restou,
Antes de sumir na névoa
Em meio às ondas famintas
Deixando-me aqui à espera
Todos os dias, noite à dentro
Mesmo sabendo que pode ser inútil
Essa longa espera!