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2 años 228 días hace

Julgar é Fácil...


Eram dois casais vizinhos, muito amigos, com 2 filhos cada.


O primeiro vizinho comprou um coelhinho para os filhos. E, claro, coisas de criança, como os seus vizinhos compraram um animal, as outras também queriam um para a sua casa, então o pai resolveu comprar um cãozinho pequeno, um pastor alemão.

Assim que o primeiro vizinho se apercebeu de que animal o outro amigo tinha comprado, muito preocupado foi logo falar com ele:

- Mas, António, este cão vai comer o nosso coelho e os nossos filhos vão ficar muito tristes, só vais arranjar problemas com isso.

- Não, não acredito, tenho a certeza que não. Imagina. O meu pastor alemão é ainda bebé pequeno, como o teu coelhinho. Vais ver que eles vão crescer juntos, e afeiam-se logo de pequenos um ao outro, confia em mim, pois eu percebo de animais.

E parece que o António tinha razão. Juntos cresceram e amigos ficaram.

Era normal ver o coelho no quintal do cão e vice-versa.

Eis que o João, dono do coelho, foi passar um fim-de-semana na praia com a família, e não levou o coelho consigo, como era habitual. No Domingo à tarde, quando a família do António estava a comer um lanche digno de Domingo, entra o pastor alemão na cozinha. Toda a família quase paralisou quando viu que o cão, de cabeça em baixo, olhos semi-serrados e tristes, trazia o coelho entre os dentes todo imundo, arrebentado, cheio de terra e, é claro, morto.

Após este cenário, o dono furioso, quase matou o cão de tanta agredi-lo e, como bom amigo do homem que este animal sempre é, foi para o quintal a ganir e lamber as suas feridas, sem se voltar contra o dono.

Este, o António, estava agora preocupado com que o João lhe tinha dito, pois ele estava certo – E agora? Só podia dar nisso! Como eu fui burro! Dizia ele. – Já pensaram como vão ficar as crianças? Continuou.

Não se sabe exactamente quem teve a ideia, mas parecia infalível:

Vamos lavar o coelho, deixá-lo limpinho, depois vamos seca-lo com o secador e o coloca-lo de novo na sua casinha. E assim fizeram.

Até perfume colocaram no animalzinho. Ficou lindo, parecia vivo, diziam as crianças.
No final do dia, pela tardinha, ainda o sol brilhava, chegaram os vizinhos. Logo depois ouvem-se os gritos das suas crianças. – Descobriram!

Não passaram cinco minutos, e o João veio bater à porta, assustado. Parecia que tinha visto um fantasma.

- O que foi? Que cara é essa João? Deixa-me tentar explicar! Disse o António a gaguejar, receando já o pior.

- O coelho, o coelho. Diz o outro.

- Pois o coelho!... António não sabia como começar, pois eram muitos anos de amizade
- Morreu! Disse o João que continuou a falar - Morreu na sexta-feira! Foi antes de viajarmos, as crianças o enterraram no fundo do quintal e agora reapareceu na sua casinha… não quisemos dizer nada antes de termos partido para a praia para não vos entristecer durante este fim-de-semana…
A história termina aqui. O que aconteceu depois não importa.
Mas a grande personagem desta história é o cão. Imaginem o coitado, desde sexta-feira a procurar em vão pelo seu amigo de infância. Depois de muito farejar, descobre o corpo morto e enterrado. O que faz ele... Provavelmente levado pelo seu instinto, desenterra o amigo e vai mostra-lo aos seus donos, imaginando fazer ressuscitá-lo.

O ser humano, no entanto, continua o mesmo, sempre a julgar os outros...

Fácil julgar os outros. Basta um pensamento, e um dedo imaginário se levanta contra alguém. Principalmente quando não há réus nem testemunhas presentes. Ouvir pra que? O negócio é ser eficiente, condenar e não perder tempo. Ouvir as duas partes não há necessidade, você sabe tudo.

Outra lição que podemos tirar desta história é que o homem tem a tendência de julgar os factos sem antes verificar o que de facto aconteceu.

Quantas vezes tiramos conclusões erradas das situações. Achando-nos donos da verdade? Histórias como esta são para pensarmos bem nas atitudes que tomamos.

"A vida tem quatro sentidos: amar, sofrer, lutar e vencer".

Então: AME muito, SOFRA pouco, LUTE bastante e VENÇA sempre que possível... mas não julgue diante da primeira impressão, visão ou do primeiro comentário.